Jogadores do Londrina desfilaram pelas ruas da cidade, num caminhão dos bombeiros. Festa começou ainda no Estádio do Café. Foto: Autor desconhecido |
“Eu levantei do banco e comecei aquecer, mas ele (Urubatão)
não me chamou para aquilo. Ele se assustou quando me viu aquecendo, a torcida
começou a gritar meu nome e aí ele disse:- vai lá, entra lá!”, comentou Carlos
Alberto Garcia, conhecido pelo torcedor do Londrina como o “Bem Amado”, após
ele fazer os gols, ele mandava beijinhos para a torcida e não foi diferente
naquele dia 29 de novembro de 1981.
O Campeonato Paranaense de 1981 começou a ser disputado no
mês de maio e se estendeu até final de novembro. O radialista esportivo, Jota
Mateus, comentou que foi um campeonato com excesso de jogos. “O campeonato foi
muito longo”, afirmou Mateus.
O campeão do primeiro turno foi o Grêmio Maringá e do
segundo turno foi o Londrina, com isso a final do Paranaense de 81 seria
decidido no Clássico do Café. “O primeiro jogo foi em Maringá, uma atuação
soberba do Londrina. O LEC chegou a três a zero, deu um show de bola. O Grêmio
reagiu, marcou dois gols e o Tubarão ganhou de 3 a 2”, lembra o radialista.
Em pé: Toninho, Zequinha, Neneca, Fernando, Zé Antônio e
Luiz Gustavo. Agachados: Venturini (Preparador Físico), Zé Dias, Nivaldo,
Paulinho, Zé Roberto e Carlos Henrique. Arquivo: Revista Placar.
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O segundo jogo aconteceu no Estádio do Café, 43.412 torcedores
pagaram para assistir o jogo. O empate era do Tubarão, mesmo assim o Londrina
partiu pra cima do Galo para voltar a conquistar o título estadual após 18 anos. Um dos principais jogadores da história do LEC iria
começar o jogo no banco, já que havia discutido com o treinador Urubatão. “Ele
estava bravo comigo e com razão, eu xinguei ele”, afirmou Garcia.
A vitória começou com Paulinho, o Canhão de Pinhal, que logo
tratou de dar a primeira alegria para a torcida do Tubarão. Aos 14’ do primeiro
tempo, Zé Dias fez boa jogada e tocou para Paulinho na ponta direita e ele
chutou a bola cruzada queimando a grama e no contrapé do goleiro Rubens, que
apenas olhou a bola entrar e ouviu a torcida explodir de alegria. Porém aos
22’, o Grêmio empatou. Em uma escapada de Silvinho, o Galo fez o gol e
ainda acreditava no título. A torcida alviceleste começou a ficar preocupada, as duas equipes criavam chances, o Londrina esbarrava em Rubens e o Galo parava
em Neneca.
No segundo tempo, um jogador do Londrina começou a
aquecer sozinho, mesmo sem o técnico Urubatão pedir, a torcida viu quem era e com o
placar ameaçado começou a gritar seu nome: -Garcia, Garcia! “Em Maringá ele nem
me colocou, na primeira partida. E aqui ele me colocou porque eu levantei e
comecei a aquecer, ele não me chamou, poucas pessoas sabem disso. Eu sabia que
ele não ia me colocar, porque 1 a 1 o Londrina também era campeão”, comentou o
Bem Amado.
Após
Garcia começar a aquecer, Urubatão se assustou com a atitude dele e o colocou
na partida. “O Garcia tinha estrela”, afirmou Jota Mateus. O cronômetro marcava 31 minutos da
segunda etapa, no instante em que o árbitro marcava uma falta à favor do Tubarão. Carlos Henrique foi para a cobrança. “O Carlos Henrique batia mais seco na bola, e eu falei para ele, Carlos Henrique
você bate nela que é comigo e foi na primeira”, lembrou aos risos, o Bem Amado.
Jogadores comemoram o título de campeão Paranaense de 1981.
Arquivo: Revista Placar.
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Carlos Henrique foi para a bola e cruzou na marca do pênalti,
Garcia apareceu sozinho e testou para o fundo da rede, Rubens ficou sem reação
com o “chute” de cabeça dado pelo Bem Amado. O eterno camisa 8 - que nesta partida jogou com a 15, já que iniciou a partida no banco de reservas, correu para a torcida mandando seus tradicionais beijinhos.
Após o apito final, vitória do Tubarão e invasão de campo. Foi o primeiro estadual conquistado em casa. Na comemoração do título,
Garcia se emocionou bastante. “Eu chorei muito, foi emocionante porque é título
e eu sabia que ia fazer o gol”, lembrou o ídolo alviceleste.